terça-feira, 29 de junho de 2010

ALEX, ESTAMOS TE ESPERANDO, MAS ESPERAMOS QUE NÃO CHEGUES

A região de Taumalipas está em alerta laranja. É esperado por aqui, para quinta ou sexta-feira, o furacão Alex. Os jornais anunciam ventos de até 200km/h. Muitas pessoas estão preocupadas, mas muitas outras confiam nos extraterrestres que protegem esta parte do México (já contei essa história por aqui). Vamos ver o que acontece. E se tudo correr bem, dou mais notícias na próxima semana.

sábado, 19 de junho de 2010

DIA DOS NAMORADOS ≠ (diferente)






No dia dos namorados, o Rina, todo romântico, me levou para almoçar em um restaurante bastante tradicional aqui em Tampico. O nome do restaurante é “Por venir”, e sua especialidade é marisco. Comemos, entre outras coisas, “Patitas de jaibas”, umas coisas estranhas que o Rina adora. Na fachada do restaurante tem a seguinte frase: “AQUI ESTÁ MELHOR QUE EM FRENTE”
Da até para pensar que em frente tem outro restaurante, mas não tem. Do outro lado da rua tem o “Panteón municipal” (cemitério da cidade). Imaginem se eu não quis ir passear por lá? É claro que sim. Lembrem-se que a relação dos mexicanos com a morte é muito diferente da nossa. No período de finados, os mexicanos passam três dias e duas noites nos cemitérios. Compartilham as refeições com os parentes que já se foram, inclusive levando a comida que o falecido preferia quando vivo. Tocam instrumentos e cantam músicas alegres. E naturalmente, bebem muita tequila. Também enfeitam suas casas com colares de flores e colocam velas acesas para iluminar o caminho dos mortos que queiram visitar suas famílias. O período é festivo.
Neste dia o cemitério estava calmo, pois não era nenhuma data especial para os mexicanos. De qualquer forma eu fiquei impressionada com o colorido do local. E mesmo sob os protestos do Rina, eu tive que fotografar o local para vocês.

BOLA NA REDE É GOL!!





Não gosto de futebol, mas copa é copa. Quando tem copa, me transformo. Visto-me de torcedora e vibro com os jogos do meu Brasil. Nesta copa, tudo está diferente para mim. O país não está vestido de verde amarelo. Claro, as cores do México são outras, mas nós brasileiros, estamos aqui com o coração, a alma e o sangue, mais verde-amarelo que nunca. É realmente emocionante viver a copa fora do teu país. A nossa primeira experiência foi uma verdadeira aventura. Como o jogo era a uma e meia da tarde, marcamos um encontro em um restaurante. O restaurante fica na estrada da zona industriaria, na cidade de Altamira. É por lá que está localizada a fábrica de papel, na qual o Rina está montando a máquina. Bem, chegamos (5 brasileiros, 1 chileno, 3 mexicanos), sentamos e começaram servir a comida. Nós lá, todos empolgados. Faltavam 5 min para o jogo e nada na TV. Alguém achou estranho e começou a mudar de canal. Nada... não se achava nada do jogo do Brasil. Aí foi um deus nos acuda. Era o dono do restaurante ligando para o sky, alguém mais mexendo no controle da TV, o pessoal ficando nervoso, o Rina e o Ricardo querendo ir para outro restaurante... O problema maior era o horário. Horário de pico, estrada congestionada, restaurantes lotados... Não teve outro jeito. Saímos feito doidos, em 4 carros, estrada a fora. Chegamos ao outro restaurante e perguntamos se estava passando o jogo. O garçom pegou o controle e começou a procurar... (as caras de expectativa do nosso grupo era algo de outro mundo, mas isso dá uma outra história), procurou, procurou e para nosso desespero, não encontrou. Pé na estrada, rumo ao terceiro restaurante. Chegamos aos 26 minutos do primeiro tempo. Ao menos não perdemos nenhum dos gols. Dessa vez o jogo foi mais sofrido para os torcedores (nós), que para os jogadores. Mas a vitória veio, e o sabor dela, aqui em território estrangeiro, consegue ser ainda melhor. Como o próximo jogo é no domingo, esperamos que tudo seja mais tranquilo, mas que a vitória venha do mesmo jeito.

sábado, 5 de junho de 2010

O OUTRO LADO DO DESERTO


Sexta-feira, o Rina e eu, fomos convidados para umas cervejas em um barzinho estilo europeu. Vocês já sabem que eu prefiro os “antros” mexicanos, mas o Rina gosta destes, então nós vamos alternando as saídas. Neste local, nós fomos apresentados ao senhor Francisco Rodolfo (professor de exatas, já aposentado), pai do Gabriel, colega de trabalho do Rina. Hoje em dia, seu Rodolfo se dedica a auxiliar a guarda fronteiriça, no resgate de pessoas perdidas no deserto.
Vocês não podem imaginar a paixão que este senhor nutre pelo deserto. Ele nos falou de um deserto que eu desconhecia. Falou que durante a noite, brota vida no deserto. Falou da beleza, das formas, das cores e do perfume concentrado das flores (árbol de luma, biznaga...). Falou dos animais. Das cobras (que segundo ele, não nos atacam se forem respeitadas), dos lagartos, dos iguanas (atenção: é um substantivo masculino), dos morcegos, das aranhas de cor negra ou café, dos coyotes, das raposas acinzentadas ou de cor marrom, de camaleões e escorpiões. Contou-me que a carne de iguana é deliciosa, e que não existem cactos venenosos. Que quando se toma pela primeira vez a água dos cactos, esta pode parecer muito estranha, porque é um líquido meio “colante” e fica grudado na língua e na boca. Mas que logo acostumamos, e que realmente os cactos salvam muitas vidas.
Falou também que neste deserto existe água e que se avistamos um tipo de planta rasteira que nasce em linha (tutillo), é porque a água está por perto. Mas que se uma pessoa não encontrar água e tiver que passar a noite no deserto, basta cavar um buraco, colocar algo lá (que sirva de copo), cobrir o buraco com um plástico ou um tecido (da própria roupa), colocar pedras em volta e fazer uma nova volta com areia, pela manhã, vai ter água ali.
Contou-nos que localizar as pessoas, não é uma tarefa fácil. Que isso requer muita atenção e que cada detalhe é muito importante. Por exemplo, se as pegadas são profundas é porque a pessoa estava caminhando depressa; se são muito arrastadas é porque já estava esgotada e então será encontrada logo. E que quando a pessoa está com as condições físicas normais, ela pode caminhar em média 5 km/hora neste tipo de terreno, que é arenoso e rochoso. Disse também, que é uma sensação maravilhosa encontrar as pessoas com vida, mas que quem foi encontrado, não esboça nenhuma reação, tamanho o esgotamento físico e emocional.
E para finalizar, ele disse que reconhece todos os perigos do deserto, mas que o pior inimigo do ser humano é a própria mente. Por isso ele alerta, que o mais importante é manter a calma emocional e o equilíbrio racional.

O DESERTO


O deserto não faz parte da realidade brasileira. Nós conhecemos os desertos dos filmes, das novelas, dos livros, das fotos... A nossa relação com a areia, fica mesmo por conta das belas praias que temos ao longo de toda a costa brasileira. Mas aqui no México, o deserto é presença real e constante. Todos os mexicanos sabem contar uma história que se passou no deserto.
Atravessar o deserto a pé, é o maior obstáculo a ser vencido por milhares de imigrantes ilegais, que anseiam deixar para trás uma América pobre e ingressar em uma nova vida, em uma América rica. E são eles oriundos de todos os países da América do Sul e da América Central.
Apenas três horas de caminhada, separa o sonho; do “paraíso”, mas o percurso pode ser um pesadelo e a chegada é sempre incerta.
Este deserto atende pelo nome de “ALTAR”, e eu divaguei neste nome. - Ora, altar é um lugar de sacrifícios. Sacrifício é sofrimento. Sacrificar-se é perder a vida. Sacrifício rende-se a deuses e a demônios. Nenhum sacrifício traz consigo uma garantia de êxito. –
E concluí que nenhum outro nome poderia ser mais apropriado que este, para nomear este deserto.
Ninguém se arrisca a cruzar o deserto sozinho. Para este pleito, contrata-se um “coyote”* e a “aventura” ocorre em bandos de 20 pessoas, em média.
O deserto Altar está localizado bem ao norte do México, e é uma das regiões mais inóspitas do mundo. É o lugar mais quente do hemisfério norte. Ouvi falar em até 47 graus à sombra. Por isso, várias pessoas morrem de insolação, ou desidratação durante a travessia. Mas estes não são os únicos problemas a serem enfrentados, há que se enfrentar a fome, o medo, a guarda fronteiriça, o cansaço, os animais peçonhentos, o risco de um mal estar, o risco de perder-se, o risco de ser abandonado pelo grupo, a espera (Porque a distância é de 3 horas de caminhada, mas com a presença da guarda, há que se esperar a hora certa de avançar. Isso pode durar 6, 8, 10, 15... horas)...
Este deserto tornou-se o pano de fundo do sofrimento de muitas famílias que perderam um, ou todos os seus filhos. Perderam pais, sobrinhos, amigos, cônjuges...perderam a alegria de viver, perderam a fé.
Semana passada eu vi no tele-jornal, um pai chorando sobre o corpo morto do seu filho, que morreu enquanto os dois tentavam cruzar a fronteira. Hoje ele apareceu mais uma vez na TV. Tinha em suas mãos, uma caixa com as cinzas do filho e estava pedindo ajuda para retornar ao seu país. E eu me pergunto: ele vai entregar a caixa para a mãe do rapaz, dizendo; eis aqui o teu filho.???
E o que pensar da história de uma mãe salvadorenha (de El Salvador), que vivendo já nos Estados Unidos e querendo trazer as filhas de 10 e 12 anos, pagou 2 mil dólares a um coyote pela travessia das meninas, as quais nunca chegaram lá?
Mas este é apenas “um lado” do deserto e logo vou contar-lhes outro.

*coyote – sujeito que tem por atividade lucrativa, atravessar pessoas ilegalmente, pelo deserto. (Essa é a minha definição. Se alguém souber uma melhor, favor dividir conosco).

- Músicas inspiradas nesta temática: Pobre Juan – Maná; Mojado – Ricardo Arjona ; Pa’l Norte – Calle 13.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

E O VENTO LEVOU...





Tá, não foi bem o vento. Este título foi só porque me lembrei do clássico do cinema, de 1939 – claro que eu nem pensava em nascer, mas nada como ter um google para consultar datas, fatos, dados... – e então aproveitei para fazer esta analogia. A Lucy, a outra brasileira que estava aqui no México, voltou para o Brasil em um avião mesmo.
E cada vez mais, eu me convenço que os amigos vêm e vão, com uma rapidez impressionante. Ou seja, nós passamos pela vida das pessoas, e elas por sua vez passam pela nossa. É como se fosse uma visita boa na nossa casa, mas que tem hora para voltar a casa dela.
E assim foi com a Lucy. Ela foi uma companhia realmente agradável, e por diversas vezes demos boas risadas juntas. Por exemplo: Quando chegamos ao meio-dia no restaurante chinês e não tinha comida ainda... Quando não quisemos entrar em uma loja, porque achamos que tínhamos que pagar $ 5,00 pesos para guardar as sacolas que estávamos carregando... Quando tentamos chamar um táxi pelo telefone público, mas colocamos o cartão do lado errado... Quando tentamos comprar água com gás, mas a garçonete não entendia o que nós queríamos... É, foi tudo muito bom, mas chegou à hora de ela voltar para casa.
O casal Arantes ofereceu um jantar de despedida (Casal Arantes = Lucy e seu esposo Sidnei). Comparecemos o Rina e eu; o Carlos e a Érika (casal mexicano).
Só o Rina sabe que eu me segurei para não chorar no final do jantar, porque eu fiquei realmente triste com a partida dela. Agora só fiquei eu de brasileira para “pagar micos” por aqui.
Mas a vida é assim mesmo. Tristeza de uns; alegria de outros. E com certeza as filhas do casal, Mariana e Julia, ficaram muito alegres com o retorno da mãe.
*Valeu, Lucy! Foi muito bom te conhecer.

terça-feira, 1 de junho de 2010

BAR and BAR





Como o Rina veio primeiro para o México, ele já conhecia alguns bares por aqui e naturalmente, fez questão de me levar a todos. Já coloquei fotos de alguns deles aqui no blog: Friday's; Applesbee’s ... Todos muito americanizados para o meu gosto (Sem preconceito, até porque agora eu estudo inglês). Mas o tempo foi passando e eu fui conhecendo a cidade. Cada vez que saía, ficava com os olhos bem abertos e colocava a minha atenção em tudo que é próprio desta terra. Então fui descobrindo cada barzinho com a cara do México, um mais lindo que o outro. Agora nós estamos variando, e eu adorando o “tuor”. Legal é que os mexicanos aderiram a ideia do 2X1 e nós continuamos tomando, mesmo nos bares mexicanos, dois drink’s pelo preço de um. E creiam, os petiscos são muito melhores que nos bares renomados mundialmente, e levam muito mais pimenta, é claro.rssss

LA MEXICANA


Estou mesmo virada em uma mexicana. Além de comer tacos de canasta (cesta de vime), sabor barbacoa (carne da cabeça de um animal), já uso trajes mexicanos. Dá uma olhada na saia.
De qualquer forma, o Rina e eu, mantemos a nossa veia cosmopolita. Neste dia da foto, almoçamos na casa dos amigos Luís e Irma. O cardápio foi feito especialmente para nós. Empanadas chilenas com direito a bandeirinha e tudo. O mais interessante das empanadas é a azeitona. Cada empanada leva uma única azeitona. Naturalmente o caroço da azeitona fica no prato de quem a comeu. No final da refeição contam-se, pelos caroços de azeitonas, quantas empanadas cada pessoa comeu e vem a gozação. Eu só me safei, porque dividi uma empanada com o Rina e ele ficou com a parte da azeitona.