sábado, 31 de julho de 2010

CASA NOVA






Era sábado à tarde, eu estava no quarto escrevendo para o blog e o Rina estava trabalhando, quando a campainha tocou. Olhei para o relógio, eram umas três e meia da tarde e resolvi não atender a porta. Primeiro porque não estava esperando ninguém e segundo porque eu ainda estava de camisola. Subi, lavei umas roupas e voltei para o quarto suando. Pensei em tomar banho, mas algo me chamou a atenção na TV, então liguei o ar-condicionado, fechei a porta e ali fiquei.
O Rina está trabalhando até as 16:30 aos sábados, mas neste dia resolveu sair da fábrica as 16:00 e veio para casa. Conversamos um pouco ali no quarto, e acabamos cada um ligando seu computador. Ficamos deitados, ambos com seus PCs no colo, conversando, digitando, ouvindo a TV. Fazia uns 20 min que ele estava em casa quando a porta do quarto se abriu com força. Eu disse a ele que era o vento, ao que ele respondeu: - Que vento? (a temperatura estava em torno de 40 graus, nem uma folha de árvore se movia na cidade) E antes que eu pudesse me dar conta disso, um homem entrou no quarto. O Rina colocou o pc sobre a cama e se levantou de supetão, perguntando ao homem: - Que tu estás fazendo dentro da minha casa? - E o tipo respondeu – “Estoy buscando el licenciado”. – E o Rina – Que licenciado o quê?! Como tu vais entrando assim na minha casa? – E nisso o sujeito deu uns dois passos para trás, porque o Rina já estava junto a ele, e eu a essas alturas já estava em pé, então o Rina pode fechar a porta e trancá-la.
O Rina começou a falar bem alto: - Dani, liga para a polícia. - Mas há dois dias não havia linha telefônica, por causa do furacão Alex que havia passado por perto da cidade.
Então o Rina começou a usar o rádio e conseguiu avisar o Santana. O rádio é um “bichinho” barulhento, e nós seguimos ali trancados no quarto, mas fazendo tumulto. O Santana disse que estava vindo da fábrica, mas que ainda levaria 10 minutos chegar até a nossa casa. - E vejam bem, era para o Rina estar vindo no mesmo horário. –
Quando o Santana chegou, eu estava com as mãos tremendo. O Rina, já estava achando que havia esquecido a porta de entrada aberta, até porque o Santana estava falando pelo rádio, que estava entrando. Enquanto o Rina checava o andar de cima, o Santana checava o de baixo e não encontraram mais ninguém em casa.
O tipo havia arrombado a janela da cozinha, que fica para os fundos da casa. Andou por toda a casa, abriu todas as portas e verificou todos os armários. O último lugar que ele entrou, foi no nosso quarto. Nunca vamos saber se ele pensava que não tinha ninguém; ou se ele pensava que eu estivesse sozinha. Afinal, havia barulho de TV e ar-condicionado, ligados no quarto.
E agora vocês podem estar perguntando: Mas afinal, o que o ladrão roubou? E eu respondo. – De material, não levou absolutamente nada; mas levou a nossa tranqüilidade. Levou a nossa alegria de estar naquela casa. Levou a nossa impressão equivocada, de que essas coisas não aconteciam por aqui.
Resultado: Tivemos que ir para um hotel. E essas são as fotos da “nova casa”.
*PS: Não tivemos nem tempo de nos despedirmos das “ardillas”. As pobrezinhas devem estar sem entenderem o porquê do abandono até agora.

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